terça-feira, abril 25, 2006

Recordações?

"... a mente não é um bom sítio para se guardar memórias. Misturadas com outras, modificam-se ou desvanecem-se. É preferível uma coisa exterior, com vida própria. Um adulto, uma criança, um animal. Um ser vivo capaz de nos devolver, num relance, uma recordação importante. A cabeça não é de fiar. Transforma o que regista, segundo as suas conveniências. Recriando, reescrevendo, negando por vezes. Até ao ponto de nos sentirmos vazios, principiantes. Afinal tudo nos escapa, tudo se esvai. E o que fica, no fim? Esta ideia errada, mas persuasiva, de que nada existiu realmente. Não há testemunhas da nossa experiência e da nossa coragem. Foi tudo um desperdício e a vida não valeu a pena. É falso, mas tão convincente que desespera."

in "Não me contes o fim"

quinta-feira, abril 20, 2006

Acabou a pequena maratona

Finalmente... A pequena maratona das férias da Páscoa chegou hoje ao fim! Os dias inteiros em casa a estudar para a frequência de hoje pareciam ainda ontem nunca mais acabar, e hoje, aqui estou eu com aquela sensação esquisita que fico sempre de que não tenho nada para fazer! Mas tenho, muitas coisas... Tou é com preguiça! Também tenho direito! Aproveitei e vim aqui escrever.
Foi hoje o meu primeiro dia de piscina! Foi engraçado, menos doloroso... Se alguém quiser aprender a nadar só com os braços eu ensino! ;)

domingo, abril 09, 2006

Quando a morte chega...

"Se por um instante Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me oferecesse mais um pouco de vida, não diria tudo o que penso, mas pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os outros param, acordaria quando os outros dormem. Ouviria quando os outros falam, e como disfrutaria de um bom gelado de chocolate! Se Deus me oferecesse um pouco mais de vida, vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto, não apenas o meu corpo, mas também a minha alma. Meu Deus, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperava que nascesse o sol. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas de um poema de Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua. Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas... Meu Deus, se eu tivesse um pouco de vida... Não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas de quem gosto que gosto delas. Convenceria cada homem ou cada mulher que é o meu favorito e viveria apaixonado pelo amor. Aos homens provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar! A uma criança, dar-lhe-ia asas, mas teria de aprender a voar sozinha. Aos velhos, ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas sim com o esquecimento. Tantas coisas aprendi com vocês, os homens. Aprendi que todo o mundo quer viver em cima da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a encosta. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com a sua pequena mão, pela peimeira vez, o dedo do seu pai, o tem agarrado para sempre. Aprendi que um homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo, quando vai ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas não me hão-de servir realmente de muito, porque quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer..."

Gabriel Garcia Marquez

sábado, abril 08, 2006

Hoje só há uma coisa a dizer: "PORTO, PORTO, PORTO, PORTO!! PORTO! PORTO!" :) mai nada! "comemos lagartos e até lampiões!"